Agora, ao lado de seu quase namorado Rod, sua irmã Pri e dois novos alunos de sua sala, Deb fará uma jornada incrível, recheada de amor, lealdade, suspense, luta muitas criaturas fantásticas.
Você confere o epílogo do livro no artigo Crônicas de Zan: Os três reis deuses, aqui no Literatura Fantástica Brasil. Logo mais será lançado o blog do livro, que conterá essa e outras histórias das Crônicas de Zan.
Graças
a Deus o resto do meu dia foi normal. Depois de meus pais me encherem
de perguntas sobre minha saúde e de minha mãe passar quinze minutos
convencendo meu pai de que eu não precisava tomar benzectacil, entramos
no carro e fomos para casa.
Essa
história do benzectacil seria engraçada, não fosse trágica. Meu querido
pai chama-se Zé Carlos, ou Machado, pro pessoal da rua. Ele é moreno
claro, carequinha, com uma pancinha proeminente, olhos castanhos escuros
e nariz de chapoquinha. Sei lá porque cargas d’água ele acha que
benzectacil é o melhor remédio pra tudo. Seja enjôo, dor de garganta,
gripe, falta de ar... O que você tiver. Se minha mãe não tá por perto,
ele corre com meus irmãos e eu para o pronto socorro, com a esperança do
médico nos dar a “bendita” injeção.
Acho
que foi daí que eu tirei o meu trauma de agulhas. Sério cara, pra você
ter uma idéia, eu morro de vontade de fazer o segundo furo nas zorebas,
mas não tenho coragem, suo frio só de pensar.
Mas
graças aos céus minha mãezinha estava perto hoje, a salvadora. Mamãe é
bem gordinha, baixinha, de cabelos ruivos e pele bem branquinha. É uma
mãezona que transborda meiguice. Cuida dos quatro filhos nos dando o
melhor que pode, sempre realizando nossas vontades (desde que caibam no
orçamento dela). Ela sempre corta meu pai, nos dando um ou outro remédio
caseirinho que resolvem bem mais que a injeção do meu pai (mal ai pai).
Quando
chegamos em casa, eram umas sete e meia. Minha mãe conferiu pela
milionésima vez se eu não estava mesmo com febre e foi fazer a janta.
Meus irmãos estavam ocupados com suas coisas, mas os três vieram ver
como eu estava. Até o mala do André.
Eu
sou a primogênita dos meus pais. Depois de mim, vem a Pri, um ano mais
nova que eu, o André, com onze anos e a Carolzinha com dez. Bem
escadinha mesmo.
A
Pri é um pouco mais alta que eu, branquinha também, mas mais
queimadinha do sol.Tem cabelos castanhos, mas as vezes gosta de pintar
de vermelho. Sei lá porque ela adora ser ruiva. Ah! sim. Adora amarelo.
Sabe aquele amarelão, bem cegante? É esse mesmo que ela gosta.
O
André... Bom, sabe aquela peste de irmão caçula? Bem, mas bem atentado
mesmo, que não para um segundo? Esse é o André, se você multiplicar por
dez. Ele é bem parecido com Pri, só que tem os cabelos curtos e lisos
penteados pro lado, é mais moreno e tem os olhos bem esbugalhados,
parecendo o Caco dos Mupets Babys.
E
por último mas não menos importante, temos a Carolzinha. Ela é um amor
de menina, hiper meiga. É a alegria da casa. Fã de carteirinha dos gibis
da Turma da Mônica Jovem, é a única de casa que gosta de ler. Graças ao
Rod... Ele que incentivou ela a ler e deu o primeiro livro dela, A
Torre Invisível, história do rei Arthur nos tempos modernos, e etc.
Naquela
noite, minha mãe fez sopa, que eu adoro. Aquela em especial era de
salsicha com cenoura, batata e mandioquinha. Simplesmente delicioso! Nos
servimos e sentamos para comer na sala, assistindo TV. Tirando meu pai
assistindo o Programa do Ratinho, a noite estava ótima. Depois da janta
comecei a ficar com muito sono e disse que ia dormir.
-
Já? Mas são dez e meia ainda Deb! – Reclamou a Carolzinha. Ela gosta
que eu fique brincando com ela, o que faço com o maior prazer. Ela é uma
fófis, e meus irmãos não têm muita paciência com ela. Normalmente,
jogamos Dama, Uno, Monopoly, entre outros jogos. Mas hoje eu estava
muito cansada.
- Tô com muito sono amoré – respondi.
- Mas quem vai brincar comigo?
Ela
já estava fazendo cara de choro, e eu odeio quando ela fica triste.
Estava me preparando psicologicamente pra ajuda-la quando fui salva pelo
gongo. Minha mãe, vendo que eu precisava descansar, me acudiu.
- A Pri brinca com você hoje lindinha. Deixa a Deb dormir, ela precisa descansar.
- Ah! Mãe! - disseram as duas junto.
Nenhuma
das duas gostou muito. A Pri e a Carol não se davam muito bem. A Pri
tava nessa onda de “tudo com criança é chato e tosco”, e a tadinha da
Carol sempre foi grudada na Pri. Elas sempre brincavam juntas, mas de
uns dois anos pra cá, quando a Pri entrou na adolescência, evitava ao
máximo qualquer coisa que pudesse faze-la pagar um “kong”. E por isso, a
Carolzinha foi se afastando dela. Agora, difícilmente estão juntas.
-
É – concordou meu pai.- Sua irmã precisa se recuperar. Amanhã tem aula,
e se ela não estiver bem, terá que faltar pra ir ao médico.
Depois
que ouviu isso, a caçulinha resolveu aceitar. Nós sabíamos que minha
mãe trabalha de manhã, sendo assim, meu pai que nos leva ao médico
durante o dia. Isso com certeza significava injeção. E nisso, os quatro
irmãos eram unidos pra evitar ao máximo as picadas.
- Tá bom então...
Vendo
a carinha de choro que ela fez, quase mudei de idéia. Odiava ver a
caçulinha triste, mas fico mais aflita com a possibilidade de uma
injeção. Me arrepio só de pensar.
- Amanhã brinco com você gatinha. Prometo.
Me
despedi de todos e fui pra me arrumar pra dormir. Coloquei meu pijama,
escovei os dentes e me deitei. Estava com tanto sono que adormeci assim
que fechei os olhos. Dormi que nem uma pedra.
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