segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Filha do Tempo - Capitulo 1 - Churrasco de Cobra

Sobre o conto: O texto abaixo faz parte do livro A Filha do Tempo, da saga Crônicas de Zan, ainda no processo de criação. Vocês conheceram a história de Deb, uma garota normal, com uma vida normal, até que sua diretora se transforma em uma criatura horripilante e tenta matá-la.

Agora, ao lado de seu quase namorado Rod, sua irmã Pri e dois novos alunos de sua sala, Deb fará uma jornada incrível, recheada de amor, lealdade, suspense, luta muitas criaturas fantásticas.

Você confere o epílogo do livro no artigo Crônicas de Zan: Os três reis deuses, aqui no Literatura Fantástica Brasil. Logo mais será lançado o blog do livro, que conterá essa e outras histórias das Crônicas de Zan.



Sinceramente, eu ainda não entendo como tudo aconteceu tão rápido. Tipo assim, meus hobbies sempre foram fazer compras com minhas irmãs na Renner, brincar com meu Poo e ficar de papo com o Rod e a Pri (querida irmã do meio que não larga do meu pé). Em pouco tempo, eu estava a caminho do último Portal do Tempo no planeta, que lógico, tinha que ser na África (bem longe de São José dos Campos, onde moro). Tudo isso pra voltar no tempo, tipo uns cem mil anos no passado, salvar o Império Ômega de ser destruído pelos Lordes do Tempo de Azur, impedir os anjos e deuses de começarem a Segunda Guerra Imortal e restaurar a Ordem dos Guardiões Primervos, que guardavam a Gema do Infinito.


Putz cara... Foi mal gente. Esqueci totalmente de me apresentar. Meu nome é Deb, mas você pode me chamar de Déb. Tenho quatorze anos e estou no oitavo ano do ensino médio, no Colégio Wanderley Juarez Lopez, mais conhecida como escola da Embraer, porque é a empresa de aviões Embraer, aqui mesmo de São José dos Campos, que banca tudo. Meus pais não poderiam pagar uma escola particular pra todos os quatro filhos, então optaram em não pagar pra nenhum. Por isso, quando soube que a Embraer estava montando uma escola particular que sairia de grátis para os alunos, resolvi fazer a prova e passei.


Desde então, minha vida é uma rotina sem fim: entro as sete horas na escola, durmo até o intervalo, as 9:30 (fala sério, quem não tem sono nas primeiras aulas da manha?), como um lanche no refeitório (geralmente bisnaguinha com queijo branco, que eu adoro) e fico de papo até voltar pra aula. Lá chegando, durmo até a hora do almoço, ao meio dia (fala sério gente, depois de comer sinto um baita sono...).


Só começo a me concentrar nos estudos depois do almoço. Sei, sei... Acabei de dizer que depois de comer fico com sono, mas também, dormi a manhã inteira. Tenho que fazer algo de útil, na escola, né?


Claro, isso se não tiver outras coisas importantes que requerem minha atenção imediata. Tipo o quê? Deixe-me ver...  Se alguma de minhas amigas estiver com uma cor de esmalte novo; ou se alguém da sala estiver precisando de conselhos amorosos (área em que sou muito boa,  diga-se de passagem... Conheço tudo que rola nos sites da net sobre relacionamentos... e não perco uma novela mexicana, vejo todas no Youtube); ou ainda se meu Poo estiver precisando de cuidados especiais.


Você não sabe o que é um Poo? Fala sério, pessoa, em que mundo você vive? Poo é o App de celular/tablet preferido de todos os seres do sexo feminino (e alguns do sexo masculino, vai entender porque). É como um bichinho de estimação, mas o coco dele não fede e ele não solta pelo pela casa. Perfeito!


Ai... Estou perdendo o foco. Concentra!!! Pronto, agora ta melhor. Comecemos então daquela terça-feira, o primeiro dia que senti aquele treco esquisito.

Eu estava na segunda aula do período da tarde, aula do professor Tiburso. Sinceramente, eu não tenho nada contra química, mas decorar a tabela periódica é muuuito chato. Titânio,
Samário, Cobalto, Germânio... cara, que nomes malísticos. Quando ouvi a primeira vez pensei que era nome de alguns países lá do fim do mundo.

O que fazia todo mundo gostar da aula era o Sr. Tiburso. Tipo assim... Ele é tipo o professor mais da hora do mundo! Ele dava aula pra nós no ano passado, de ciências. Cara, ele sim sabe dar uma aula. Ele leva vídeos, slides, promove gincanas, palavras cruzadas e dá provas com consulta. Apesar de baixinho (tipo, um metro e meio), ele impõe respeito ganhando nossa amizade e confiança, não abusando do poder que tem. Ele sempre estava com camisa havaiana, calça brim e sapatênis. Seu cabelo estilo surfista não combina nada com seu estilo, e a franja vive caindo nos olhos castanhos.

Eu estava até interessada, porque o Sr. Tiburso é simplesmente demais. Ele estava recrutando atores entre os alunos pra fazer um teatro com os componentes da tabela periódica, porque achava que assim aprenderíamos melhor.

- Então pessoal – continuou o Sr. Tiburso, - já tem o Cobalski para o papel de Titânio, o vilão. Nossa querida Carmem será a princesa do reino Arsênio. Faltam então, alguns coadjuvantes...
Todos estavam muito empolgados com a idéia, afinal, qualquer coisa que substituísse trabalhos e tarefas era muito bem vinda. Tudo estava tranqüilo, caminhando muito bem. Foi então que o seu João entrou na sala. Sempre que ele vinha, alguém era levado para a coordenação.

O seu João é o coordenador do colégio. Um cara de altura mediana, careca, moreno e nariz de chapoca de calcanhar. Era sério, mas muito legal e sempre preocupado com os alunos.

- Com licença professor – disse o seu João. – A Sra. Bia pede para a aluna Deborah Machado comparecer à sala da coordenação.

É... Era minha vez de enfrentar a justiça da Bia. Todos sabiam por que os alunos eram chamados: os testes de aptidão profissional não alcançaram o resultado esperado. Entende-se por resultado esperado o aluno mostrar aptidão ou vontade de cursar engenharia, que é a profissão carro chefe da Embraer, empresa que financia a escola.

- A Sra. Deborah? – perguntou o Sr. Tiburso, com uma sobrancelha levantada. – Bom... Será algo demorado, João? Estamos realmente ocupados aqui, e a saída de qualquer aluno agora pode comprometer o andamento da aula.

Não falei que o Sr. Tiburso era o máximo? Uma belezinha ele, tentando me ajudar. Mas infelizmente não fununciou.

- Veja bem Sr. Tiburso – começou o Sr. João, meio sem graça, - eu apenas cumpro ordens. Se eu voltar sem a garota, terei que vir aqui novamente. O senhor pode liberá-la, por favor?

“Tadinho do seu João”, eu pensei. Olhei para o sr. Tiburso, que aguardava minha decisão. Fiquei muito feliz por isso. Se eu não quisesse, sei que ele faria de tudo para me ajudar. Mas não seria justo com o seu João. Acenei positivamente para o professor e levantei.

- Ok então – disse o Sr. Tiburso. – Mas, por favor, diga à Bia para não demorar João. Estou passando matéria de prova.

- Sim, professor. Eu avisarei. Muito obrigado e com licença.

O Sr. João se afastou da porta para eu passar. Fomos em silêncio para a escada, pois a coordenação ficava no térreo, enquanto minha sala ficava no segundo andar. Sem ter o que fazer me perdi em meus pensamentos, até que o Sr. João quebrou o silêncio constrangedor.

- Deb, muito obrigado por ter vindo comigo. Não sabe como me livrou de problemas hoje.

- Que é isso seu João. Não é sua culpa. Afinal, está só fazendo o seu trabalho.

- Eu sei, é pra isso que sou pago. Mas tenho que ser sincero com você, garota. Você tem um grande coração. É muito nobre da sua parte se importar com um simples coordenador como eu. Essa nobreza que você tem será muito útil nas coisas que você enfrentará em seu futuro.
- Como assim? – Confesso: não entendi bulhufas do que ele disse.

- Como o tempo você verá. Mas uma coisa eu posso te garantir. Ninguém conseguirá fazer com que você tome uma decisão que não queira. Siga seu coração, sempre, mas dê espaço para a razão também. Assim, você andará por caminhos seguros e sólidos.

- Hum... – foi tudo o que consegui dizer.

Chegamos à frente da sala da Bia. Ele olhou pra mim, esperando eu me manifestar. Suspirei e acenei. Seu João bateu na porta a voz da Bia soou lá dentro, estridente como sempre.

- Sim?

- Sou eu, João. Vim com a Sra. Machado.

- Ah, certo. Mande-a entrar. Está dispensado João.

Olhei pra ele vi o quanto ele se segurava para não dizer nada. Eu mesma estava pasma. Sabia que a Bia se julgava superior aos alunos, mas aos outros funcionários da escola? Fala sério.
Seu João se controlou. Olhou pra mim e deu um sorriso triste, bem forçado. Acenou com a mão e foi embora pelo caminho que viemos. Respirei fundo e entrei.

A sala da diretora Bia era um luxo só. Sua mesa era de mogno escuro, com um laptop, uma pasta aberta, uma porta-caneta e um porta retrato de três crianças, seus sobrinhos, na Disney. Atrás dela, de frente para quem entrava na sala, estava uma foto de Bia com a presidenta da república. Em baixo da janela, que dava para a quadra de vôlei tinha uma mesinha de café, com bolachas, chá e (lógico) café. Do lado oposto à janela tinha uma bonita estante de marfim, repleta de livros.

Eu entrei e esperei. Bia estava lendo algo na pasta que estava sobe a mesa, e eu tive a desconfortável sensação que era sobre mim. Seu cabelo loiro estava preso em um coque com uma caneta prateada. Ela estava de conjunto verde escuro, calça e terninho, tendo por baixo uma blusinha branca (a mesma que ela usava todo dia, por isso, os alunos achavam que ela
não tomava banho). Usava óculos com aro de tartaruga rosa. Seus olhos azuis movendo-se, captando toda a extensão das folhas na pasta.

Depois do que pareceu ser uma hora, Bia ergueu os olhos dos papéis e me olhou. Por mais chata que fosse, tinha que admitir que ela era bonita. E nova. Ela tinha apenas vinte e cinco anos, e já era diretora de um colégio de renome na cidade, como o Juarez. Ah, lógico... Ela era insuportavelmente chata.

- Sente-se.

Sentei e esperei. Já tinha tido outros encontros como ela, e aprendi, da pior maneira, que é melhor não falar nada, a não ser responder o que ela pergunta. Acaba bem mais rápido.

- Deborah, tudo bem com você?

- Sim, Sra Bia.

- Ótimo. Como estão as coisas em casa?

Era sempre assim. Ela perguntava se estava tudo bem e começava um interrogatório intenso. Sei lá pra que.

- Bem, graças a Deus.

- Que bom. Os deuses tem se alegrado de vocês então.

La estava ela com esse papo de deuses. A Bia era daquelas que acreditava em deuses, especialmente os gregos. Mas pelo que eu entendia, ela achava que o mundo estaria melhor se os pais dos deuses, os Titãs, reinassem hoje no lugar de seus filhos. Algo assim. Estranho.
Como tinha que responder algo, murmurei alguma coisa tipo “hum, certo”.
- Bem – continuou a Bia, - estive revisando seus testes de aptidão.

Como coisa que eu não soubesse disso.

- Ah... os testes (quando não sabe o que dizer, finja de tonta).

- Vi aqui que você está interessada no curso de Publicidade e Propaganda.

Não era uma pergunta, então não respondi nada.

- Aqui consta também uma forte aptidão para artes em geral. Diga-me, o que você realmente quer fazer? Em que quer se formar?

E finalmente, o bote.

- Bom, como a senhorita acabou de dizer, quero estudar Publicidade e Propaganda.

Ela ficou me analisando por alguns momentos. Seus olhos eram frios, apesar do seu sorriso. Comecei a me sentir estranha, um certo desconforto na barriga.

- Sabe Deborah, você é uma das melhores alunas da sua turma – disse ela, sempre de olho em mim. – Não sei como consegue isso, já que dorme metade do dia e na outra metade não é tão interessada assim nas matérias. Tive algumas reclamações desse seu comportamento, mas alguns professores alegaram que os resultados de suas provas e trabalhos falavam por si só.

Mais um momento de silêncio constrangedor.

- Eu gostaria então que você me explicasse como  consegue fazer isso.

- Como consigo... o que?

Ela então deu um sorriso tão sarcástico que comecei a ficar nervosa.

- Bem... como consegue ir bem em todas as matérias sem o mínimo de esforço.
Minhas mãos começaram a arder e eu suava muito. Estava ficando muito nervosa. Olhei para Bia e ela estava estranha. Havia uma imagem, tipo holográfica em cima dela, meio que se fundindo com ela.

- Algum problema, querida?

Eu não conseguia responder.

- Acho que podemos parar com essa brincadeira irritante, certo? Eu sei quem você é, filha do tempo.

Filha do tempo? Que raio de nome é esse? O problema é que eu não conseguia responder. Me concentrava  muito em não desmaiar. Agora, com certeza estava vendo coisas. Bia estava verde, com manchas amarelas. Suas mãos estavam estranhas... suas unhas crescendo.

- Sabe – disse Bia, - não sei como pensou que eu não prestaria atenção em você, no meio de todos esses humanos. Quem te escondeu aqui?

Ela levantou e veio andando em minha direção. Andando não, rastejando. Suas pernas foram substituídas por uma longa e grossa cauda escamosa. Meus punhos estavam fechados, e eu sentia minhas unhas penetrando minhas mãos. Bia apertou meu pescoço com sua garra direita. Chegou bem perto do meu rosto, e vi seus olhos em fendas verticais, como de répteis.

- Vou usar você, garota do tempo. Você vai servir de exemplo para os malditos deuses. Por acaso...

Foi quando aconteceu. Tudo pareceu congelar. Bia parou de falar e seu aperto afrouxou. Deb ficou sem entender, mas tentou se livrar daquelas garras a qualquer custo. Foi difícil no começo, mas ela coseguiu tirar a garra do monstro do pescoço. Bia não se movia.

Deb caiu no chão e se arrastou pra longe de Bia. Quando a adrenalina acabou, o tempo voltou ao normal. Bia continuou falando como se nada tivesse acontecido.

- ... você achou que... o que...

Antes que pudesse entender o que aconteceu, uma luz tão forte como o sol brilhou na janela. A última coisa que Deb captou antes de desmaiar foi um homem coberto por chamas aparecer na sala e envolver o pescoço de Bia com uma mão poderosa e em chamas, enquanto o monstro gritava.
Acordei na enfermaria, coberta por um lençol branco. Sentei-me, assustada e olhei ao redor. Não tinha homem de fogo nem mulher cobra por perto. Apenas uma enfermeira sentada do lado da cama.

- Calma - disse a enfermeira. Pelo que me lembrava, seu nome era Angélica. - Está tudo bem agora.

Estava meio zonza. o que eu estava fazendo ali?

- Eu... o que...

- Você desmaiou na sala de aula e o professor Tiburso trouxe você aqui. Como está sua cabeça?

- Eu... não...

- Respire fundo e deite-se. Você bateu a cabeça na carteira.

Fiz como Angélica disse, respirei fundo e me deitei. Realmente, estava com uma dor de cabeça gigantesca. Aos poucos tive alguns flashes do que aconteceu, mas não me lembrava de tudo. Coloquei a mão no pescoço, onde a garra de Bia se fechou, mas não havia sinal ou marca nenhuma.

- Olhe - disse Angélica, colocando a mão em minha cabeça para ver se eu estava com febre, - você ainda precisa se recuperar. Você está ardendo em febre. Pra você melhorar, vou aplicar um remédio intra-venoso em você.

- Intra-venoso...?

- Sim, uma dose de benzetacil.

- Não!!!

Eu gritei e me sentou novamente. Mesmo com a tontura de levantar rápido demais, com dor de cabeça e tal, fiz de tudo pra sair da maca, mas não consegui. Estava tonta e fraca demais.

- Calma Deb. O que foi?

- Por favor - disse Deb quase em lágrimas. - Injeção não! Odeio injeção, por favor não!

- Ok, ok! Calma. Tudo bem.

Aos poucos me acalmei, mas ainda estava meio zonza, e apavorada. Estava cabreira com a enfermeira. Mas ela me deu um sorriso tranqüilizador, então sentei.

- Nossa menina, tudo isso por uma picadinha?

A tensão acabou e consegui dar um sorriso amarelo pra ela.

- Eu... Odeio picadas. Não sei por quê.

- Tudo bem - disse sorrindo, - só se acalme, ok?
Angélica, colocou a mão sobre minha testa outra vez. Dessa vez, no entanto, ela franziu as sobrancelhas.

- Olhe, vou ser sincera com você. Se não fosse eu que medi sua temperatura a alguns minutos, me chamaria de mentirosa. Sua febre sumiu. Nunca vi isso. Como está a cabeça?

Foi então qeu me dei conta que não sentia mais dor. A tonteira também tinha sumido.

- Ahn... passou. Não sinto mais nada.

- Estranho... bom, mas melhor assim. Vou deixar você mais uns cinco minutos em observação e vou avisar a sra Dulcinéia que você está de alta.

- Sra Dulcinéia?

- Sim. Nossa diretora.

- Diretora... e a Bia?

- Que Bia?

- Bia, a diretora oras.

Angélica franziu novamente as sombrancelhas. Seus olhos cor de mel enigmáticos como que sondando minha mente. Ela parecia realmente preocupada.

- Deb, não sei o que exatamente você lembra... mas nunca ouve uma Bia aqui no Juarez.

- Isso é impossível. Eu... na sala... como você disse que eu cheguei aqui?

- Você desmaiou na sala de aula enquanto apresentava um trabalho. Acabou batendo a cabeça em uma carteira. Rod e o professor Tiburso trouxeram você.

- Rod... onde ele está? Pode chamá-lo?

- Creio não ser possível. Ele foi embora.

- Embora?

- Sim. Faz uns vinte minutos que as aulas acabaram. Ele insistiu em ficar aqui até você acordar, mas a sra Dulcinéia disse não ser preciso. Afinal, seus pais estão aqui, esperando para levá-la para casa.

Minha cabeça voltou a doer. Será que tudo foi um pesadelo? Eu nem me lembrava de estar apresentando um trabalho. Pelo menos, Rod tinha tentando ficar ali por ela. E meus pais estavam ali, então...

- Minha irmã... A Pri ta aqui?

Angélica me deu um sorriso compreensivo.

- Sua irmã já foi pra casa, de ônibus. Ela também queria ficar, mas não precisava. Seus pais ficaram para levá-la.

Parei um pouco e pensei um pouco sobre a situação.

- Certo então. Quero ir pra casa. Já me sinto bem melhor.

Angélica me olhou por um tempo, como que relutante em concordar, mas acabou dando outro de seus sorrisos “está tudo bem”, e assentiu com a cabeça.

- Ok. Vamos fazer o seguinte. Vou falar com a diretora e dizer que você está bem, e foi embora com seus pais. Vai ser nosso segredinho, ok?

- Ok. Muito obrigada mesmo, Angélica.

- Que é isso, disponha. Quem sabe logo não é você que precisa me dar uma mãozinha?

- Pode contar com isso. Se precisar de algo, é só me falar.

Angélica me deu um abraço, e depois me ajudou com minhas coisas. Me acompanhou até a porta e ficou olhando enquanto eu ia ao encontro de seus pais. Foi então que eu ouvi um sussurro.

“Com certeza Deb, quando chegar a hora  vou me lembrar disso.”

Olhei pra trás mas não tinha mais ninguém lá. Franzi a testa, mas resolvi deixar pra lá. Foi em direção aos meus pais.




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